MELIPONICULTURA – Criação de abelhas sem ferrão é reconhecida por lei como atividade essencial em Roraima

A meliponicultura envolve espécies nativas como Jandaíra, Uruçu, Borá, Jataí e Arapuá, que têm ferrão atrofiado e, por isso, não oferecem risco de picada. Isso dispensa o uso de equipamentos de proteção (EPIs), o que reduz custos para o produtor. Além do mel, essas espécies produzem própolis com alto valor terapêutico — antibacteriano, cicatrizante e antioxidante —, muito usado na medicina popular.

Menor custo, fácil manejo e benefícios à saúde e ao meio ambiente: a criação de abelhas sem ferrão, chamada de meliponicultura, tem crescido em Roraima. A atividade foi oficialmente reconhecida como de relevante interesse social, econômico e ambiental pela Lei nº 2.233/2025, de autoria do deputado estadual Armando Neto (PL), presidente da Comissão de Agricultura da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR).

A meliponicultura envolve espécies nativas como Jandaíra, Uruçu, Borá, Jataí e Arapuá, que têm ferrão atrofiado e, por isso, não oferecem risco de picada. Isso dispensa o uso de equipamentos de proteção (EPIs), o que reduz custos para o produtor. Além do mel, essas espécies produzem própolis com alto valor terapêutico — antibacteriano, cicatrizante e antioxidante —, muito usado na medicina popular.

O deputado Armando Neto afirma que a nova lei visa fortalecer a cadeia produtiva com políticas públicas sustentáveis. “É uma atividade compatível com outras fontes de renda, acessível até para pequenos produtores, e com grande impacto ambiental e social.”

Expansão e mercado

Com 15 anos de experiência na apicultura tradicional, Carvilio Neto agora aposta também na meliponicultura. Ele iniciou na faculdade de Agronomia, após ganhar uma caixa e um enxame num minicurso. Hoje, produz cerca de 10 toneladas de mel por ano e busca a certificação federal (SIF) para exportar para outros países.

Além do mel, investe na produção de própolis e hidromel, e quer ampliar a atuação com abelhas nativas. “Essas abelhas produzem um mel medicinal, usado até como colírio para catarata. O própolis delas é o nosso verdadeiro ouro”, diz Carvílio.

Ele destaca o potencial do estado: “Roraima tem o lavrado, com florada intensa por sete meses. Aqui, ao contrário de outras regiões, não é preciso migrar com as colmeias. Só paramos de abril a agosto, que é o período de chuvas, quando o néctar é lavado das flores e não há mais produção”.

Educação e sustentabilidade

A Universidade Federal de Roraima (UFRR) também reconhece a importância da atividade. A professora Gardênia Holanda Cabral, doutora em Zootecnia, anunciou a inclusão da disciplina de Meliponicultura na grade do curso de Zootecnia.

O objetivo é despertar o interesse de estudantes, principalmente os que vêm de áreas rurais, além de contribuir para a preservação desses polinizadores, espécies endêmicas que desempenham um papel essencial nos ecossistemas locais.

“As abelhas nativas são fundamentais por si mesmas, pela função que exercem na natureza. A gente tem que entender que os seres vivos, o solo, o clima, tudo está interligado. Essas abelhas se desenvolveram ao longo do tempo junto com a nossa flora e, para que os ecossistemas se mantenham, a presença delas é indispensável”, pontuou.

Gardênia destaca que os méis produzidos por essas abelhas têm propriedades únicas e altíssimo valor gastronômico, medicinal e científico. “É um campo vasto de pesquisa e de possibilidades econômicas sustentáveis.”

Força econômica e políticas públicas

Para o economista Paulo Henrique da Silva, a nova legislação fortalece a cadeia produtiva e abre caminhos para incentivos e políticas públicas específicas. “O reconhecimento legal agrega valor, reduz custos e estimula a produtividade. Isso beneficia não só o produtor, mas toda a economia ao redor.”

Ele ressalta que Roraima já exporta mel para outros estados e países e tem ganhado destaque nacional. “O mel do estado é diferenciado. Com estrutura e incentivos, pode movimentar cadeias inteiras de insumos, equipamentos e serviços, gerando emprego e renda.”

Outras legislações

Além da Lei nº 2.233/2025, outras normas estaduais também fortalecem a produção local. A Lei nº 2.079/2024 prioriza a compra de mel da agricultura familiar para a merenda escolar da rede estadual. Já a Lei nº 1.919/2024 reconhece o mel roraimense como de relevante interesse econômico e social, reforçando a importância da atividade apícola em todas as suas vertentes.

Texto: Bruna Cássia

Fotos: Eduardo Andrade

SupCom ALE-RR

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