Pelo menos 3 mil alunos de cinco escolas participaram do projeto “Educar é Prevenir” em 2024, iniciativa do Programa de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa de Roraima (PDDHC/ALE-RR), que capacita e orienta para o enfrentamento ao tráfico de pessoas. O ciclo de atividades encerrou na tarde desta quinta-feira (24) no Colégio Estadual Militarizado Dr. Luiz Rittler Brito de Lucena com a presença de mais de 800 estudantes.
A programação consiste em capacitação para professores e líderes de sala para que eles orientem a comunidade escolar sobre o que se configura o crime, como se proteger e denunciar. Também ocorrem palestras de entidades parceiras que atuam em conjunto com o PDDHC no combate ao tráfico de pessoas.
Socorro Santos, diretora do programa, fez um balanço positivo das ações realizadas ao longo do ano e destacou a importância do projeto para a proteção de crianças e adolescentes, as principais vítimas da conduta criminosa.
“É muito importante esse trabalho de mobilização para levar a informação e a prevenção para que as escolas saibam que podem procurar ajuda, pois em todas as unidades que visitamos recebemos relatos de casos de abusos, tráfico e exploração sexual. Todas as ocorrências foram encaminhadas para a rede de proteção”, pontuou.
A gestora do colégio, Ângela Leite, destacou que esta é a segunda vez que o projeto, criado em 2017, visita a escola. Com isso, o alcance de orientação aos jovens da região se torna ainda maior.
“Essa ação se torna ainda mais importante na era digital em que os alunos têm acesso ao celular e ficam mais suscetíveis a serem vítimas. Então, eles ficam mais orientados quanto à exploração, uma vez que são os mais vulneráveis”, reforçou.
Pelo menos 800 alunos do ensino médio participaram do encerramento na unidade. A culminância contou com palestras de representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RR), Organização Internacional para as Migrações (OIM), Secretaria Estadual de Educação (Seed) e Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Verônica Cisz é membro do Escritório de Direitos Humanos da PRF e é parceira do projeto desde o início. Nesta tarde, ela abordou a importância de os adultos responsáveis pelos menores de idade terem acesso aos telefones deles, uma vez que as redes sociais são mecanismos usados pelos criminosos para aliciar as vítimas.
“Desde quando o programa começou até o momento, notamos que os jovens estão mais conscientes e, com certeza, eles têm melhorado bastante o conhecimento e, também, a compreensão da necessidade da confiança em seus pais e em pessoas que verdadeiramente cuidam deles”, disse.
Prevenção entre amigos
A ideia de também capacitar os líderes de sala, no âmbito do ‘Educar é Prevenir’, é deixar os alunos confortáveis em relatar algum caso para os colegas que têm a mesma faixa etária e uma ligação de confiança.
Joicy Silva é uma das líderes de sala do colégio e já ajudou alguns colegas que contaram tentativas de aliciamento e abusos. As informações foram repassadas para o setor responsável do colégio e os estudantes receberam amparo para enfrentar as situações.
“Muitos alunos têm carência de conhecimento, então a partir do momento que eles detêm informação e passam a saber o que fazer, eles ficam protegidos dos criminosos. Por isso é tão importante a realização deste projeto no colégio”, acrescentou.
A aluna Maria Fernanda está entre as estudantes que assistiram a palestra nesta quinta-feira. Ela aprovou a mobilização e alertou que muitos adolescentes são ingênuos e, por isso, precisam ficar atentos aos perigos que os podem cercar.
“É um tema muito interessante para os dias de hoje, sendo um alerta para que os jovens da nossa sociedade tenham mais cuidados e prestem atenção nas pessoas ao redor, pois têm muitas pessoas que podem fazer o mal”, frisou.
Educar é Prevenir
A Assembleia Legislativa de Roraima criou o projeto Educar é Prevenir em 2017, com objetivo de orientar alunos do ensino médio a se protegerem de possíveis aliciamentos, tendo em vista que este público é alvo dos criminosos.
O projeto consiste em realizar uma semana de programação nas escolas com palestras, orientações e outras atividades. Desde então, a iniciativa já visitou 48 escolas e orientou 11 mil alunos nas rodas de conversa; e capacitou 2.500 professores e funcionários, e 160 alunos líderes de sala.
Durante as atividades, os alunos assistem a palestras sobre o tráfico de pessoas; as vertentes deste crime como a exploração sexual, trabalho escravo, contrabando de órgãos, adoção ilegal e servidão; como não cair em golpes; como orientar demais integrantes da família; além de conhecer os canais de denúncias.
Texto: Bruna Cássia
Fotos: Jader Souza
SupCom ALE-RR