Atletas profissionais costumam serem aconselhados a seguir um período de abstinência sexual antes de competições. Estudos, no entanto, mostram que premissa é falha. Atletas embarcam em trend e testam camas ‘antissexo’ na Vila Olímpica de Paris
Nada de sexo antes de uma competição esportiva! Há muito tempo, esta é a máxima no esporte profissional. O entendimento é de que a energia e a agressividade acumuladas através da abstinência sexual serão liberadas durante a competição, elevando as chances de vitória.
Mas, na verdade, proibir atletas de fazerem sexo antes de competições não faz sentido. O sexo, afinal, tem efeitos extremamente positivos para o corpo e mente, além de poder inclusive melhorar o desempenho esportivo.
O que acontece no corpo durante o sexo?
O sexo estimula o sistema cardiovascular, ativa a circulação sanguínea, alivia o estresse e a dor e ajuda a adormecer que é uma maravilha. Todos esses processos físicos e psicológicos envolvem uma variedade de hormônios.
Na década de 1960, um casal de pesquisadores americanos – William Masters e Virginia Johnson – desenvolveu um modelo de resposta sexual em quatro estágios que ainda é usado nas pesquisas atuais:
Excitação
Platô
Orgasmo
Resolução
Cada uma dessas fases é caracterizada pela predominância de determinados hormônios. Na fase de excitação, por exemplo, a adrenalina faz com que a pressão arterial suba, explica Michael Siebers, médico assistente de psiquiatria e psicoterapia e assistente de pesquisa no Instituto de Psiquiatria Forense e Pesquisa Sexual em Essen. A dopamina garante antecipação e euforia, enquanto a testosterona e o estrogênio são responsáveis pelo desejo sexual.
Na chamada fase de platô, a oxitocina entra em ação, enquanto os níveis de adrenalina e dopamina permanecem quase inalterados, diz Siebers.
“A oxitocina é o hormônio do carinho. Ela promove sensação de proximidade e vínculo.” É durante a fase do orgasmo que o nível de oxitocina atinge o seu pico.
Por fim, após o orgasmo, a prolactina entra em cena. “Trata-se, entre outras coisas, do hormônio do relaxamento e da saciedade, que nos sinaliza que não queremos mais sexo”, afirma Siebers. Eventualmente, a prolactina poderia se tornar um problema nos esportes.
Andrea Piacquadio/Pexels
Sexo antes do esporte é ruim?
“O nível de prolactina permanece elevado até uma hora após o sexo”, diz Siebers. O efeito calmante do hormônio poderia ser um obstáculo nas competições esportivas, segundo o especialista. Portanto, um orgasmo logo antes do apito ou da largada pode não ser a melhor ideia.
Fora isso, não há razão para acreditar que o sexo na véspera da competição seja problemático, aponta Siebers. Ainda assim, alguns estudos sobre a influência do sexo no desempenho atlético chegaram à conclusão de que o sexo enfraquece os músculos das pernas, deixando, consequentemente, os atletas mais lentos.
No entanto, a mais recente meta-análise sobre sexo e esporte, de 2022, na qual foram avaliados os resultados de vários estudos indica que o sexo não tem efeitos negativos no desempenho dos atletas. Pelo contrário, Siebers acredita que o sexo pode até ajudar a melhorar a performance.
Desempenho esportivo melhor após o sexo?
“O sexo é uma atividade física e pode, portanto, aumentar naturalmente a aptidão física”, afirma Siebers. E os efeitos na psique também são imensos, acrescenta. E é aqui que esporte e sexo podem ter algo crucial em comum: a sensação de euforia.
E é exatamente esse o tema das pesquisas de Michael Siebers, mais precisamente a sensação de euforia sentida por corredores. “A euforia do corredor é uma sensação observada durante os esportes de resistência que vem acompanhada de euforia, menos medo, menos dor e sensação de calma. Os pensamentos, portanto, param de girar”, diz Siebers.
Freepik
“O gatilho para esta sensação de euforia são provavelmente os chamados endocanabinoides”, diz Siebers.
Trata-se de substâncias semelhantes à cannabis que o próprio corpo produz. Elas fazem parte do sistema endocanabinoide do corpo, que, por sua vez, faz parte do sistema nervoso. Elas desempenham um papel nos processos de aprendizagem e movimento, entre outras coisas.
Siebers suspeita que este sistema endocanabinoide seja ativado não apenas durante a corrida, mas também durante o sexo, mas mais estudos ainda são necessários.
“Endocanabinoides, oxitocina e prolactina têm um efeito calmante e redutor do estresse. Isso, por sua vez, é bom para a saúde”, diz Siebers. A qualidade do sono também aumenta significativamente, acrescenta o especialista. E dormir bem é particularmente importante para os atletas. Além disso, a dor e o medo diminuem, a euforia aumenta.
De acordo com as pesquisas atuais, portanto, há pouco o que se dizer contra o sexo – até mesmo antes de competições esportivas.
VÍDEO: Disfunções sexuais afetam homens e mulheres
Disfunções sexuais afetam homens e mulheres Atletas profissionais costumam serem aconselhados a seguir um período de abstinência sexual antes de competições. Estudos, no entanto, mostram que premissa é falha. Atletas embarcam em trend e testam camas ‘antissexo’ na Vila Olímpica de Paris
Nada de sexo antes de uma competição esportiva! Há muito tempo, esta é a máxima no esporte profissional. O entendimento é de que a energia e a agressividade acumuladas através da abstinência sexual serão liberadas durante a competição, elevando as chances de vitória.
Mas, na verdade, proibir atletas de fazerem sexo antes de competições não faz sentido. O sexo, afinal, tem efeitos extremamente positivos para o corpo e mente, além de poder inclusive melhorar o desempenho esportivo.
O que acontece no corpo durante o sexo?
O sexo estimula o sistema cardiovascular, ativa a circulação sanguínea, alivia o estresse e a dor e ajuda a adormecer que é uma maravilha. Todos esses processos físicos e psicológicos envolvem uma variedade de hormônios.
Na década de 1960, um casal de pesquisadores americanos – William Masters e Virginia Johnson – desenvolveu um modelo de resposta sexual em quatro estágios que ainda é usado nas pesquisas atuais:
Excitação
Platô
Orgasmo
Resolução
Cada uma dessas fases é caracterizada pela predominância de determinados hormônios. Na fase de excitação, por exemplo, a adrenalina faz com que a pressão arterial suba, explica Michael Siebers, médico assistente de psiquiatria e psicoterapia e assistente de pesquisa no Instituto de Psiquiatria Forense e Pesquisa Sexual em Essen. A dopamina garante antecipação e euforia, enquanto a testosterona e o estrogênio são responsáveis pelo desejo sexual.
Na chamada fase de platô, a oxitocina entra em ação, enquanto os níveis de adrenalina e dopamina permanecem quase inalterados, diz Siebers.
“A oxitocina é o hormônio do carinho. Ela promove sensação de proximidade e vínculo.” É durante a fase do orgasmo que o nível de oxitocina atinge o seu pico.
Por fim, após o orgasmo, a prolactina entra em cena. “Trata-se, entre outras coisas, do hormônio do relaxamento e da saciedade, que nos sinaliza que não queremos mais sexo”, afirma Siebers. Eventualmente, a prolactina poderia se tornar um problema nos esportes.
Andrea Piacquadio/Pexels
Sexo antes do esporte é ruim?
“O nível de prolactina permanece elevado até uma hora após o sexo”, diz Siebers. O efeito calmante do hormônio poderia ser um obstáculo nas competições esportivas, segundo o especialista. Portanto, um orgasmo logo antes do apito ou da largada pode não ser a melhor ideia.
Fora isso, não há razão para acreditar que o sexo na véspera da competição seja problemático, aponta Siebers. Ainda assim, alguns estudos sobre a influência do sexo no desempenho atlético chegaram à conclusão de que o sexo enfraquece os músculos das pernas, deixando, consequentemente, os atletas mais lentos.
No entanto, a mais recente meta-análise sobre sexo e esporte, de 2022, na qual foram avaliados os resultados de vários estudos indica que o sexo não tem efeitos negativos no desempenho dos atletas. Pelo contrário, Siebers acredita que o sexo pode até ajudar a melhorar a performance.
Desempenho esportivo melhor após o sexo?
“O sexo é uma atividade física e pode, portanto, aumentar naturalmente a aptidão física”, afirma Siebers. E os efeitos na psique também são imensos, acrescenta. E é aqui que esporte e sexo podem ter algo crucial em comum: a sensação de euforia.
E é exatamente esse o tema das pesquisas de Michael Siebers, mais precisamente a sensação de euforia sentida por corredores. “A euforia do corredor é uma sensação observada durante os esportes de resistência que vem acompanhada de euforia, menos medo, menos dor e sensação de calma. Os pensamentos, portanto, param de girar”, diz Siebers.
Freepik
“O gatilho para esta sensação de euforia são provavelmente os chamados endocanabinoides”, diz Siebers.
Trata-se de substâncias semelhantes à cannabis que o próprio corpo produz. Elas fazem parte do sistema endocanabinoide do corpo, que, por sua vez, faz parte do sistema nervoso. Elas desempenham um papel nos processos de aprendizagem e movimento, entre outras coisas.
Siebers suspeita que este sistema endocanabinoide seja ativado não apenas durante a corrida, mas também durante o sexo, mas mais estudos ainda são necessários.
“Endocanabinoides, oxitocina e prolactina têm um efeito calmante e redutor do estresse. Isso, por sua vez, é bom para a saúde”, diz Siebers. A qualidade do sono também aumenta significativamente, acrescenta o especialista. E dormir bem é particularmente importante para os atletas. Além disso, a dor e o medo diminuem, a euforia aumenta.
De acordo com as pesquisas atuais, portanto, há pouco o que se dizer contra o sexo – até mesmo antes de competições esportivas.
VÍDEO: Disfunções sexuais afetam homens e mulheres
Disfunções sexuais afetam homens e mulheres G1