Ausência de apoio do ex-presidente foi notada, mas especialista afirma que Obama tem um perfil mais cauteloso e deve se pronunciar quando a candidatura de Kamala for formalizada. Kamala Harris cumprimenta Barack Obama antes da posse de Joe Biden em janeiro de 2021.
Jonathan Ernst/Reuters via BBC
Entre os vários nomes importantes do Partido Democrata que desde domingo (21/7) têm manifestado publicamente apoio à vice-presidente americana, Kamala Harris, para ser a candidata do partido na eleição de 5 de novembro, uma ausência é notada: a do ex-presidente Barack Obama (2009-2017).
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Logo após anunciar que havia decidido abandonar sua campanha pela reeleição, o presidente Joe Biden declarou “total apoio e endosso” à vice para substituí-lo na disputa contra o ex-presidente Donald Trump.
Desde então, Harris foi rapidamente endossada por figuras como o ex-presidente Bill Clinton (1993-2001) e a ex-secretária de Estado e candidata do partido em 2016, Hillary Clinton, além de diversos congressistas no Senado e na Câmara.
Vários governadores democratas também já manifestaram seu apoio a Harris, entre eles Gavin Newsom (Califórnia), Gretchen Whitmer (Michigan), J.B. Pritzker (Illinois), Andy Beshear (Kentucky), Wes Moore (Maryland), Josh Shapiro (Pensilvânia), Roy Cooper (Carolina do Norte) e Tim Walz (Minnesota).
Na segunda-feira (22/7), a ex-presidente da Câmara, Nancy Pelosi, que mantém forte influência no partido, declarou seu apoio “oficial, pessoal e político” a Harris.
“É com imenso orgulho e otimismo ilimitado no futuro de nosso país que eu endosso a vice-presidente Kamala Harris para presidente dos Estados Unidos”, disse Pelosi em um comunicado.
O ex-presidente Obama, porém, não citou o nome de Harris em um tributo a Biden — que foi seu vice — postado no domingo.
“Navegaremos em águas desconhecidas nos próximos dias”, ressaltou Obama. “Mas eu tenho confiança extraordinária de que os líderes do nosso partido serão capazes de criar um processo do qual emergirá um candidato excepcional.”
Obama descreveu Biden como “um dos presidentes mais importantes da América, bem como um querido amigo e parceiro” e “um patriota do mais alto nível” e disse que o presidente tinha “todo o direito de concorrer à reeleição e acabar o trabalho que começou”.
“Joe nunca desistiu de uma luta”, escreveu Obama. “Olhar para o cenário político e decidir que deveria passar a tocha para um novo candidato é certamente uma das coisas mais difíceis de sua vida.”
“Acredito que a visão de Joe Biden de uma América generosa, próspera e unida, que ofereça oportunidades para todos, estará plenamente visível na Convenção Democrata, em agosto. E espero que cada um de nós esteja preparado para levar essa mensagem de esperança e progresso até novembro e além”, disse o ex-presidente.
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Cautela em relação a apoio a candidatos
O silêncio do ex-presidente em torno de Harris chamou a atenção, mas analistas políticos lembram que Obama adotou posição semelhante nas eleições de 2020.
Na época, Obama resistiu a pressões para que declarasse apoio oficial a Biden antes que o então pré-candidato Bernie Sanders abandonasse a disputa pela indicação do partido.
“Barack Obama tem sido bastante cauteloso ao longo de sua carreira em relação a apoio (a candidatos), especialmente na disputa presidencial”, diz à BBC News Brasil o cientista político Michael Traugott, professor da Universidade de Michigan.
“Portanto, não acho surpreendente que ele ainda não tenha apoiado Kamala Harris. Mas não tenho dúvidas de que ele a apoiará totalmente quando sua nomeação for formalizada”, afirma.
Traugott lembra que Harris ainda não é tecnicamente a candidata democrata e ressalta que isso só poderá ocorrer quando os 4.672 delegados do partido votarem.
“Quer isso seja feito em algumas semanas ou dentro de um mês, na convenção em Chicago, tenho certeza de que a essa altura Obama apoiará totalmente a candidatura dela”, reforça.
Joe Biden e Kamala Harris caminham abraçados em Atlanta, Geórgia, em janeiro de 2022.
Jonathan Ernst/Reuters via BBC
O apoio recebido por Harris até agora é importante, mas não garante sua candidatura, e é apenas um primeiro passo no processo que irá definir quem enfrentará Trump nas urnas em novembro.
Líderes democratas planejam se reunir nesta semana para discutir detalhes sobre como esse processo será feito.
Enquanto Harris já conseguiu o endosso de diversas figuras influentes no partido, muitos democratas preferem um processo competitivo na convenção nacional, que ocorre de 19 a 22 de agosto, em Chicago.
Um dos argumentos seria o de que um endosso muito rápido poderia atrair críticas de que a possível escolha de Harris foi feita às pressas e alimentar dúvidas sobre suas habilidades como candidata.
Em um post na rede social X após o anúncio de Biden, Harris disse estar “honrada por ter o endosso do presidente” e que sua intenção “é merecer e conquistar essa indicação (para ser a candidata democrata)”.
Também no domingo, a campanha democrata atualizou formalmente seus registros junto à Comissão Eleitoral Federal e renomeou seu principal comitê como “Harris para Presidente”. Ausência de apoio do ex-presidente foi notada, mas especialista afirma que Obama tem um perfil mais cauteloso e deve se pronunciar quando a candidatura de Kamala for formalizada. Kamala Harris cumprimenta Barack Obama antes da posse de Joe Biden em janeiro de 2021.
Jonathan Ernst/Reuters via BBC
Entre os vários nomes importantes do Partido Democrata que desde domingo (21/7) têm manifestado publicamente apoio à vice-presidente americana, Kamala Harris, para ser a candidata do partido na eleição de 5 de novembro, uma ausência é notada: a do ex-presidente Barack Obama (2009-2017).
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Logo após anunciar que havia decidido abandonar sua campanha pela reeleição, o presidente Joe Biden declarou “total apoio e endosso” à vice para substituí-lo na disputa contra o ex-presidente Donald Trump.
Desde então, Harris foi rapidamente endossada por figuras como o ex-presidente Bill Clinton (1993-2001) e a ex-secretária de Estado e candidata do partido em 2016, Hillary Clinton, além de diversos congressistas no Senado e na Câmara.
Vários governadores democratas também já manifestaram seu apoio a Harris, entre eles Gavin Newsom (Califórnia), Gretchen Whitmer (Michigan), J.B. Pritzker (Illinois), Andy Beshear (Kentucky), Wes Moore (Maryland), Josh Shapiro (Pensilvânia), Roy Cooper (Carolina do Norte) e Tim Walz (Minnesota).
Na segunda-feira (22/7), a ex-presidente da Câmara, Nancy Pelosi, que mantém forte influência no partido, declarou seu apoio “oficial, pessoal e político” a Harris.
“É com imenso orgulho e otimismo ilimitado no futuro de nosso país que eu endosso a vice-presidente Kamala Harris para presidente dos Estados Unidos”, disse Pelosi em um comunicado.
O ex-presidente Obama, porém, não citou o nome de Harris em um tributo a Biden — que foi seu vice — postado no domingo.
“Navegaremos em águas desconhecidas nos próximos dias”, ressaltou Obama. “Mas eu tenho confiança extraordinária de que os líderes do nosso partido serão capazes de criar um processo do qual emergirá um candidato excepcional.”
Obama descreveu Biden como “um dos presidentes mais importantes da América, bem como um querido amigo e parceiro” e “um patriota do mais alto nível” e disse que o presidente tinha “todo o direito de concorrer à reeleição e acabar o trabalho que começou”.
“Joe nunca desistiu de uma luta”, escreveu Obama. “Olhar para o cenário político e decidir que deveria passar a tocha para um novo candidato é certamente uma das coisas mais difíceis de sua vida.”
“Acredito que a visão de Joe Biden de uma América generosa, próspera e unida, que ofereça oportunidades para todos, estará plenamente visível na Convenção Democrata, em agosto. E espero que cada um de nós esteja preparado para levar essa mensagem de esperança e progresso até novembro e além”, disse o ex-presidente.
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Cautela em relação a apoio a candidatos
O silêncio do ex-presidente em torno de Harris chamou a atenção, mas analistas políticos lembram que Obama adotou posição semelhante nas eleições de 2020.
Na época, Obama resistiu a pressões para que declarasse apoio oficial a Biden antes que o então pré-candidato Bernie Sanders abandonasse a disputa pela indicação do partido.
“Barack Obama tem sido bastante cauteloso ao longo de sua carreira em relação a apoio (a candidatos), especialmente na disputa presidencial”, diz à BBC News Brasil o cientista político Michael Traugott, professor da Universidade de Michigan.
“Portanto, não acho surpreendente que ele ainda não tenha apoiado Kamala Harris. Mas não tenho dúvidas de que ele a apoiará totalmente quando sua nomeação for formalizada”, afirma.
Traugott lembra que Harris ainda não é tecnicamente a candidata democrata e ressalta que isso só poderá ocorrer quando os 4.672 delegados do partido votarem.
“Quer isso seja feito em algumas semanas ou dentro de um mês, na convenção em Chicago, tenho certeza de que a essa altura Obama apoiará totalmente a candidatura dela”, reforça.
Joe Biden e Kamala Harris caminham abraçados em Atlanta, Geórgia, em janeiro de 2022.
Jonathan Ernst/Reuters via BBC
O apoio recebido por Harris até agora é importante, mas não garante sua candidatura, e é apenas um primeiro passo no processo que irá definir quem enfrentará Trump nas urnas em novembro.
Líderes democratas planejam se reunir nesta semana para discutir detalhes sobre como esse processo será feito.
Enquanto Harris já conseguiu o endosso de diversas figuras influentes no partido, muitos democratas preferem um processo competitivo na convenção nacional, que ocorre de 19 a 22 de agosto, em Chicago.
Um dos argumentos seria o de que um endosso muito rápido poderia atrair críticas de que a possível escolha de Harris foi feita às pressas e alimentar dúvidas sobre suas habilidades como candidata.
Em um post na rede social X após o anúncio de Biden, Harris disse estar “honrada por ter o endosso do presidente” e que sua intenção “é merecer e conquistar essa indicação (para ser a candidata democrata)”.
Também no domingo, a campanha democrata atualizou formalmente seus registros junto à Comissão Eleitoral Federal e renomeou seu principal comitê como “Harris para Presidente”. G1